terça-feira, 18 de novembro de 2008

...e um Feliz Natal!


É. Mais uma vez bateu o sino pequenino, aquele de Belém, e mais uma vez nasceu o mocinho pra o nosso bem. A cidade iluminada, “jingle bell” tocando nos carros de som no meio da rua, os shoppings decorados, as melhores intenções. Mas vem cá, chega perto, vamos combinar que o Natal de verdade não condiz tanto assim com as propagandas de peru que passam na televisão, não é verdade? Quer saber? Eu te digo algumas coisas: Natal só é Natal mesmo quando conta com a presença daquele seu tio que alguém disse que era muito engraçado, brincando, óbvio, e ele pensou que era verdade, tentando juntar os parentes na sala pra contar pela milésima vez a piada do papagaio (“já contei a do papagaio?”). Natal só é Natal com “n” maiúsculo se tiver os pratos da ceia preparados pela empregada que bufa de impaciência, doida pra visitar o namorado. Natal só serve se a sua priminha pequena coçar sem parar os olhos, vermelhos de sono, e pedir pra ir embora a cada pulso cardíaco. Se o namorado da sua irmã puxar sem parar o saco do seu pai insistindo em chamá-lo de senhor. Natal só é inesquecível (ou esquecível?) se o seu tio (não o sem-graça, o outro) tentar espantar as crianças do prato de tira-gosto à tapas acompanhado de um ríspido “é só pra quem está bebendo”. Natal só existe no calendário se a sua avó decidir dar uma longa explicação sobre o verdadeiro sentido daquela festa sob os sonolentos e concordantes olhares bêbados dos presentes e até mesmo ensaiar um pai - nosso coletivo (alguém ainda se lembre da letra? Oração se fala letra?). O Natal só é real se ,depois da noite toda, a sua avó (a que fez a oração) lançar sobre a casa o mesmo olhar que os sobreviventes de Hiroshima lançaram sobre a cidade depois da bomba e você, já dentro do carro, tira os sapatos novos e apertados enquanto massageia os pés tentando desesperadamente reativar a sua circulação sanguínea.
Se a sua festa preencheu todas os requisitos acima, parabéns, e feliz Natal!

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