segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Assumindo preconceito

Bonde do Forró, Victor e Léo, Banda Calypso, Mr. Catra, Perlla (não confunda-se: a namorada do jogador do Flamengo), entre outros, são títulos que os brasileiros em geral conhecem e sabem por vezes cantarolar alguns de seus refrões. Isto não seria, à princípio, uma característica de futilidade ou de "gosto musical ruim", afinal basta assistir televisão por alguns minutos, que estas singelas melodias são incessantemente jogadas em seu ouvido, seja por propagandas de seus cds e dvds, seja como tema de personagens de novelas. Partindo da idéia de que suas letras são, digamos, pouco complexas, fica fácil lembrar de uma frase ou outra.
Pode soar hipócrita o que eu estou tentando dizer, mas o fato é que as pouquíssimas produções musicais realmente substanciosas não são bem divulgadas, e quando o são, não são bem aceitas por um número considerável de pessoas. Apesar do título que acabei destinando a este escrito, não quero através das linhas ser preconceituosa ou desmerecer as bandas citadas. Quero sim separar as funções musicais se assim posso dizer.
Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Chico Buarque de Hollanda, João Gilberto, João Bosco, Aldir Blanc, Elis Regina, entre muitos, muitos e muitos outros. Alguns eram letristas, intérpretes, compositores, e o conjunto de seus trabalhos resultaram em obras primas que podem ser escutadas por qualquer um, porém raramente na novela das seis ou das sete. O contexto político e social brasileiro era diferente, mas nem todas as produções eram destinadas à luta política. E é exatamente aí (sendo bastante simplista) que mora a diferença. Eles faziam poemas musicados.
A grande maioria do que se é produzido hoje é facilmente absorvido, e facilmente evaporado. Vale a lei dos quinze minutos de fama. São músicas que as ambiguidades se resumem à relação com sexo, onde não se presumido qualquer conhecimento. São músicas que são idéias prontas, que não estimulam qualquer tipo de pensamento intelectual.
Desculpem-me a todos que pelo simples fato de dizer isto, tenham entendido como algum tipo de ofensa. Não foi, de maneira nenhuma a intenção. Foi apenas um jeito que encontrei de dizer que temos coisas muito boas e que às vezes nem as conhecemos. Antes que alguém diga "cálice", perdoem-me mais uma vez.

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