sábado, 8 de novembro de 2008

Aqueles anos incríveis...

[Festival Primeira Plano de Cinema de Juiz de Fora e Mercocidades 2008]

Na noite de quarta-feira, 29 de outubro, após as sessões habituais de vídeos regionais e curta-metragens nacionais, um filme especial se destacou entre os demais, fazendo com que os espectadores disputassem cada cadeira do Cine Palace. Trata-se do longa-metragem Loki – Arnaldo Baptista, documentário que conta a trajetória do músico desde sua adolescência, até os dias atuais, passando pela conturbada juventude, enquanto líder dos Mutantes, um das maiores expoentes da música brasileira.

Digido por Paulo Henrique Fontenelle, que estava presente na sessão, Loki vai além do registro documental da carreira do multi-talentoso Arnaldo. O filme resgata o contexto político-social em que sua juventude acontecia, traçando assim, um painel histórico brasileiro com riqueza de detalhes. Contando com um acervo invejável, o filme se utiliza de diversas imagens de arquivo, que vão desde os sempre lembrados festivais de música da década de 60, até gravações pessoais dos Mutantes, em excursão por todo o mundo. A banda, personagem fundamental na vida de Baptista, ganha destaque durante toda a projeção, estabelecendo o elo do músico com o mundo, como sua forma de expressão.

Loki (o título é referência ao cultuado álbum solo do músico) recria ainda, com intensidade de depoimentos, o período de outro dos Mutantes, no qual a então vocalista, Rita Lee, foi esposa de Baptista. A ausência da roqueira no filme não só incomoda, como deixa claro uma mágoa além daquela descrita no longa. A separação conturbada do casal ocasionou uma tentativa de suicídio de Arnaldo, que carrega consigo as seqüelas e os traumas. Além disso, o envolvimento com o LSD e outras drogas ainda prejudicou o andamento dos trabalhos, suas composições e lançou o músico ao ocaso.

Presente na platéia, Baptista – junto com Lucinha Araújo, sua atual esposa – foi ovacionado desde o início da projeção até o último nome dos créditos finais, onde os aplausos se mantiveram por cinco minutos ininterruptos. Aliás, é comovente o tom quase infantil com que ele se comporta e como reage ao carinho ou a grandes homenagens. Seus acessos inesperados de alegria ou suas demonstrações de carinho trazem da tela o personagem terno e a figura cativante de uma parte da nossa história que ganhou, merecidamente, um registro à altura.

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