
Outro dia, entrei no blog e me dediquei a ler todos os textos. Inevitavelmente, me peguei discutindo - comigo mesma - todos os temas que foram aqui tratados e, como já era de se esperar, não cheguei a qualquer conclusão pouco mais definitiva, além de que precisava começar logo a escrever alguma coisa aqui, antes que tudo o que desperta interesse hoje em dia torne-se obsoleto.
Me relacionei diretamente ao "preconceito de partir" do Gustavo. Já quando li o título, o coração apertou como se prevesse o que seria dito dali pra frente, avisando que as palavras dele de alguma forma se relacionariam às que foram minhas, há quase um ano atrás, quando deixei de lado o meu preconceito e parti - por pouco tempo, mas parti.
Quem parte, tem diferentes motivos. Pode ser a busca por algo novo ou a vontade de esquecer algo antigo. Para mim, foram as duas coisas e outras milhares mais. A decisão de viver longe de casa por longos noventa dias representou a quebra de um ciclo de dependência que havia se criado durante toda a minha vida, que me prendia à tudo aquilo que tenho como se qualquer movimento pudesse me fazer perder o que me foi dado e o que criei - família, amigos, relações. Mas isso foi apenas a decisão que desfez. A ação, pra mim, nem aconteceria.
Tomei a decisão de viajar tendo a certeza de que algo aconteceria e me impediria de ir. Arrumei as malas um dia antes de viajar, tendo certeza de que seria inútil. Entrei no carro para ir ao aeroporto, tendo certeza absoluta que uma chuva torrencial nos faria parar no meio do caminho. Despedi de meus pais sabendo que os veria dali há algumas horas. Quando finalmente cheguei ao Rio e vi que todos estavam empolgados, pronto para a incrível aventura de viver o sonho americano e que dificilmente algo aconteceria naquele ponto que me forçaria a voltar, chorei. Chorei tanto que a mocinha que cantava no coral natalino se distraiu, perdeu o rumo da cantata e por pouco não estragou a música. Em pouco tempo, tive que superar tudo que sempre temi - inclusive o medo de avião - para partir para as desconhecidas terras da América.
Quem parte, tem necessidade de sentir o amor de quem fica. Precisa de apoio, se não na hora de ir, quando chegar ao rumo pretendido. Precisa do reconhecimento de que ir embora requer coragem e, de certa forma, precisa também saber que no lugar de origem tudo vai ficar do mesmo jeitinho. Nessas horas, é a única base que temos. E se o medo muitas vezes se mistura à ansiedade, precisa ouvir um "relaxa, vai ser ótimo". Momentaneamente, pode parecer um pouco inútil, mas decerto é melhor do que os "minha filha, pelo amor de Deus, não vai" que a minha mãe sempre me dava. Se é o anseio por mudança que eles esperam, que seja este o estímulo dado.
A conclusão que eu cheguei após superar o preconceito de partir, e com ele inúmeros receios, é que qualquer experiência é válida para o crescimento pessoal. Que mesmo ganhando em dólar, às vezes a gente precisa é comprar R$1 em balas (mas casacos de $10 não fazem mal à ninguém). Que mesmo morando sozinhos e comendo junk food o dia inteiro, não há nada melhor para a vida (e para a saúde, diga-se de passagem) que arroz e feijão.
3 comentários:
nossa....
ansiedade??? bobagem!
MUITO MEDO DE PARTIR....MUITO!
...o apoio antes de ir é iportante, mas o apoio quando chegamos no destino tem que ser maior ainda!!! como voce falou lorena, temos que saber que teremos tudo da mesma maneira quando partimos!!
Thiago...é bom partir co a certeza de irá voltar!!! mas aproveite cada segundo no lugar em que estiver!!!
mesmo sem ter vivido
concordo com quase tudo que disse
exceto, que somo as mesmas pessoas como voltamos...
Postar um comentário