quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A Bossa é Nossa

Em meio a danças do créu e da popozuda, de composições tão poéticas como “chupa que é de uva”, e de dançarinas graciosas como as mulheres melancia e moranguinho, a música popular brasileira comemora o cinqüentenário da Bossa Nova.
Tom Jobim, Miúcha, Vinícius de Morais, João Gilberto, Maysa, Nara Leão são alguns dos grandes nomes que estão sendo lembrados nessa comemoração. Cinqüenta anos após seu início, o estilo musical continua vivo, mesmo que, infelizmente, numa abrangência menor a do seu início. A fusão perfeita de samba-canção, samba, bolero e jazz deram origem a este ritmo melódico e harmonioso que encanta gerações. Canções que são verdadeiras poesias cifradas.
Alguns anos após sua criação, a Bossa Nova se tornaria um dos gêneros musicais brasileiros mais conhecidos em todo o mundo. Enfim, a possibilidade de exportarmos produtos culturais de qualidade. Não precisamos, desde então, dizer que somos do país da bunda e do carnaval, temos a alternativa de nos definir como o país da Bossa Nova.
Outro dia, assistindo tv com uma amiga escutamos a notícia de um show do João Gilberto num dos eventos comemorativos dos cinqüenta anos da Bossa. Para meu espanto, ela perguntou quem era “esse cara” de quem estavam falando. Respondi educadamente à pergunta imaginado que concerteza ela saberia o repertório completo do JF folia, mas sequer ouviu falar num dos grandes poetas da música popular brasileira.
Sabemos que a música está em eterna transformação. Até mesmo a Bossa Nova se transforma nas mãos dos novos compositores e intérpretes, como por exemplo, Bebel Gilberto, filha de Miúcha e João Gilberto, que deu uma repaginada no estilo e vem fazendo muito sucesso no cenário internacional. Mas os ritmos se multiplicam numa proporção desenfreada. E em meio a todos os estilos que vem nascendo não conseguimos deixar de estabelecer inevitáveis comparações. Pode ser implicância, mas parece que são exatamente aquelas letras de música que não dizem nada as que fazem mais sucesso. A falta de idéias e talento na composição leva a repetição incessante de um refrão pobre e nos sentimos perseguido por aquelas frases chicletes que não saem de nossas cabeças.
Quando olhamos para o passado vemos grandes nomes que marcaram a história da música e compassivos festejamos seu início e seus mestres. Analisando o cenário musical na atualidade somos levados ao inevitável questionamento: de quem será que nos lembraremos daqui a cinqüenta anos?
Estamos comemorando o cinqüentenário da Bossa Nova enquanto surgem novos fenômenos musicais como banda Calypso e Gaiola das Popuzudas. Longe de negativismo, somente um realismo exacerbado, celebremos: viva a cultura popular brasileira!

2 comentários:

Thiago Gabri disse...

concordo em parte! Acho que as realidades de 50 anos atras e a atual sao bastante diferentes não so na música. Os movimentos brasileiros acabam seguindo uma tendencia mundial de musicas que não falam nada! Talvez seja uma constatação de uma sociedade esvaziada. Porém é cada um com seu cada qual...cada música e estilo para um contexto! e se pararmos pra reparar, muitas letras da bossa não tem nada de tão maravilhoso...garota de ipanema tb fala de bunda, so que de uma forma um pouco mais delicada! as vezes me pego pensando se a música era melhor ou se a gente que é nostálgico mesmo!

Samantha Marinho disse...

Como meu comentário ficou muito grande resolvi fazer um outro texto com o título: "Novamente a Bossa"