Há algumas semanas postei um texto, aqui no blog, me referindo aos 50 anos da Bossa Nova: “A Bossa é Nossa”. Agora, volto ao assunto porque acredito que o outro texto possa ter deixado uma impressão, em alguns, diferente à idéia que eu pretendia passar.
Em momento algum minha intenção foi agir de forma preconceituosa em relação a outros estilos musicais. Longe disso! Acredito que a manifestação cultural tem que ser livre em suas diferentes formas de expressão. Não acho que toda música tenha que ser ideológica ou intelectualizada, nem estou dizendo que nossa geração seja incapaz de produzir músicas de qualidade e que esta seja inexistente hoje em dia. Mas parece que as músicas de pouco significado predominam na atualidade.
Lembro de ter assistido um especial na TV que discutia os nomes que marcaram a história da música nas décadas de 50 à 90. Participaram do especial: produtores musicais, diretores de gravadoras, empresários musicais, artistas, músicos e o resultado foi muito interessante. Além da seleção dos nomes e músicas mais marcantes de cada década, foram feitas análises das influências que estes exerceram em suas épocas. A conclusão foi exatamente a que expus em meu outro texto: de quem poderemos nos lembrar no futuro quando pensarmos em música?
Já em relação às letras da Bossa, um colega comentou que algumas composições também falam, mesmo que mais discretamente, de bunda, então me lembrei de grandes nomes da literatura que utilizam do erotismo em suas poesias e ainda sim são consagrados e imortalizados na história, como por exemplo Álvares de Azevedo. A verdade é que a intenção e a forma que se diz é que compõem o significado, reparem para a diferença de: “Moça do corpo dourado/do sol de Ipanema/ o seu balançado é mais que um poema” para “Sou cachorrona mesmo/ e late que eu vou passar.”
É importante lembrar que as músicas e os artistas também são produtores de significado, influenciando a criação de valores numa sociedade. É só reparar na atitude dos jovens de nossa época. A falta de comprometimento político e social demonstram a diferença no comportamento de gerações anteriores à nossa. Influência de uma cultura de massa que empurra goela abaixo conteúdos de baixo significado e ideais de comodismo. E a música não fica fora dessa aliança.
Acredito que em se tratando de música, todos os estilos podem coexistir pacificamente. Pena que nossa geração esteja abrindo espaço quase que exclusivo para as que proporcionam mais ritmo e menos significado.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
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5 comentários:
Mas é exatamente isso:Ritmo.
Considerando que gosto muito de funk, não concordo muito!
Para mim, o funk é bom no ritmo. Não gosto de colocar funk no meu som quando estou em casa quando quero escutar músicas.
Mas, muito menos, quero sair para uma festa e escutar João Gilberto, poetizando em suas músicas.
São momentos.
Creio que nem todos hoje em dia escutam as verdadeiras músicas populares brasileiras, mas também acho que são poucas as pessoas que consideram o funk e suas letras inspirações para qualquer coisa que seja (para você, ele ou outro) necessária de inspiração musical - exceto em alguns momentos, que para mim o funk é inspirador.Hehehe...
Mas, cada um é cada um. E cada um sabe o conteúdo melhor para lhe preencher!
Aí entra o "Funk do quadrado".
Infelizmente, nosso país não da chance iguais a todos. Fazemos parte de uma pequena parcela que teve chances de ter uma formação crítica. Meu posicionamento não é nos momentos que você escuta as músicas (nas festas, em casa, num bar...), mas como a sociedade absorve isso. Falamos muito no conteúdo veiculado pela TV influenciando a sociedade, mas e a música? Qual sua parcela nisso tudo?
A idéia não é rotular preconceituosamente nenhum estilo musical, nem incentivar festas chatas ao som de músicas paradas. Mas perceber a forma como nossa sociedade vem usando um instrumento tão poderoso(a música) para se expressar e como a sociedade vem consumindo isso.
Não precisa de esperar alguns anos Samantha. Por onde anda o Bonde do Tigrão e os cantores do funk do tapinha não dói? E a dança da motinha? Que fim teve o É o Tchan e o Gerasamba? E a Kelly Key? Se lembra da Luka com seu "To nem aí?" E daquela cara que cantava "Ela só pensa em beijar, beijar..." Até o Calipso, que fez um tremendo sucesso, sumiu. Essas músicas são ótimas para se ir numa festa, eu concordo com a Susi que não vou pra uma chopada ouvir João Gilberto. Mas são totalmente descartáveis, sem conteúdo algum. De quem vamos nos lembrar? Não sei. Quem sabe da dança da boquinha na garrafa?
Cultura inútil:
Larissa, a Luka até hoje batalha pra ter outra música de sucesso. Mas não é que ela chegou a bombar até em Portugal?
E a KElly Key é outra... vende CD pra caramba e ainda faz shows em locais que vão desde exposições agropecuárias ao Canecão, no Rio.
Os axezeiros do "É o Tchan" estão em todos os cantos, mas é provável que muitos deles estejam produzindo alguma coisa de sucesso comercial.
Tudo isso, é claro, fica longe da pobreza intelectual desses trabalhos...
Téo, fala sério vc pesquisou isso pra me responder né? Pq pelo menos na mídia, tirando a Kelly Key que agora voltou a dar o ar da graça, eu nunca mais ouvi falar de ninguém.
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