
Sim, ouso escrever um texto com abertura para uma continuidade. Em breve direi outras coisas sobre o mesmo tema, mas vamos focar nesta, não é mesmo? Bem, o que me fez querer escrever algo sobre isso para o blog é uma música da Marisa Monte. Mentira! Foi o momento em que vivo.
A música diz que alguém o livrou do “preconceito de partir”. Sim, a música fala de um relacionamento amoroso! Posso encaixar com meu momento atual? Posso, pois tudo que faço é com amor e amo muito o meu agora... Mas a música é negativa, o eu-lírico menospreza o outro, que lhe livrou do tal preconceito.
Não é sobre isso que quero falar, mas sim sobre o que seria esse “preconceito de partir”.
Entrar na vida dos outros é fácil demais. Agora, sair dá uma dor de cabeça danada. Quando eu digo sair, é deixar de estar presente, é deixar de viver o cotidiano. Com a rapidez que o mundo moderno empregou, as relações estão cada vez mais focadas no cotidiano, no presencial, por isso digo “sair da vida de alguém”. Porque nem quem sai da vida do outro, deixando marcas, feridas e tudo bagunçado sai por completo. Sempre fica um restinho. Eu sou um álbum de figurinhas, eu me completo com a coleção de todas as figurinhas que juntei pela vida: as pessoas, os fatos, os momentos, as palavras, enfim, tudo que vivi.
Sair do presencial é algo doloroso, mas doloroso para as duas partes. Sempre fica aquele quesito de quem fica sempre sofre mais que quem parte, mas não é verdade. Partir é arriscar o certo pelo duvidoso, achando que será tão certo quanto o certo anterior. Os momentos antes de partir me trazem aquela sensação de que dormi em uma casa, mas sonhei que estava dormindo em outra, mas quando acordo era a mesma casa. Todo mundo já viveu essa sensação. Quem escolhe partir, mesmo que seja para algo concretamente melhor, ou quem tem desejo de aventura, ou o mais seguro dos seres, sente medo. Partir é cair num mundo novo sem mapas ou aulas de geografia.
É isso que eu entendo como o preconceito de partir, agora sem aspas. Pesar o lado de quem está partindo é algo pouco visível, até porque muitos pensam que se alguém fez essa escolha, este não pensou naqueles que ficaram. Será mesmo? Não é viável pensar que o outro pensou, quando se vê este mesmo saindo. Mas é menos viável deixar o outro partir pela porta dos fundos. O bom é sair pela porta da frente...
Comparo a nossa vida a uma tarde de sábado na casa de amigos. Fomos convidados, entramos, ficamos, brincamos, bagunçamos, mas na hora de ir embora, tentamos deixar tudo na melhor maneira possível. Nunca arrumamos do jeito que estava, até mesmo porque o amigo sempre diz: “Não liga, depois eu arrumo”. Mas mesmo assim, tentamos arrumar para sermos convidados sempre. Porque ninguém quer ir apenas uma vez na casa dos amigos, quer poder voltar sempre, bagunçar e arrumar do melhor jeito. Tudo sempre de novo e de novo e sempre.
Continua, um dia.
4 comentários:
Concordo!
O único problema é que algumas pessoas são como aqueles amigos de infância que iam na minha casa, bagunçavam tudo e depois iam embora e largavam a bagunça toda pra eu arrumar! Alguns além da bagunça, ainda deixavam aquele tênis, roupa, relôgio ou qualquer outro objeto que me fazia o ver de novo nem que seja simplesmente pra entregar o que ficou. E no fundo no fundo eu acho que sempre quem arruma o restinho da bagunça é o dono da casa, porque para os sentimentos nós ainda não podemos contratar faxineiras.
ai guuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
ate chorei aqui!!!
poxa vidaa...não to podendo ler textos como esse...
realmente a sensação de partir que voces terão daqui a alguns meses dará medo e vontade de ir, mas ao mesmo tempo vontade de ficar...
sei bem como é isso...
é confuso...nossa mente fica a mil...passam mil e uma coisas, como num filme...a vontade de arriscar, sabendo que a partida será algo bom para a sua vida, mas o medo de ir, deixando, mesmo que por um curto prazo de tempo pessoas que voce ama é muito dificil..
Quando cheguei aqui em Portugal pensei:"que que estou fazendo aqui?? quero voltar..." mas isso foi na primeira semana...depiois voce faz muitos amigos que tb estoa em uma situação parecida com a sua e voce vai ver...o tempo passa rapido!!!
temos que pensar que voltaremos...e que quem nos ama nunca deixara de nos amar por que partimos esse tempo e que eles estao esperando por nos...com saudades!!! muitas saudades!!!
é dificil, mas compensador!!
aproveitem ao maximo este tempo de partida de voces!! e lembrem-se que o tempo de volta cgega muito depressa!!!
Eu acho que vc não quer partir!!!
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