sábado, 4 de outubro de 2008

Pelo voto obrigatório

Estão chegando as eleições e com elas aquela velha discussão sobre a obrigatoriedade do voto. Os que são a favor do voto facultativo o fazem sobre o argumento de que voto é um direito do cidadão, não um dever, e que uma vez imposto sob risco de punição acaba indo contra a idéia de democracia. Também dizem que existem milhares de currais eleitorais pelo país e que mais vale poucos votos conscientes do que muitos “comprados”, “desperdiçados” ou inconscientes. Dizem que a maioria das nações desenvolvidas, como EUA, por exemplo, o voto é facultativo. Enfim dizem muitas coisas.
O que ninguém diz, mas sempre é bom lembrar, que voto é um direito sim, direito que custou alias a vida de milhares de pessoas no Brasil. Mas ele é, antes de tudo, um compromisso com a sociedade, um dever cívico e que, por isso, deve continuar obrigatório. É obrigação das pessoas, que vivem numa comunidade política, opinar sobre seus rumos. Se eu tenho um plano de saúde não quer dizer que não devo votar em alguém, porque “sempre” tenho atendimento, mas devo me lembrar que a maioria da população enfrenta as filas caóticas do SUS. Tenho que pensar nessas pessoas e votar em alguém que olhe por essa situação, assim também como a educação, também em situação caótica.
Além do mais, voto facultativo não desmontará os currais eleitorais. Na República Velha, o voto era facultativo e os currais existiam do mesmo jeito. Ou seja, obrigatório ou facultativo, o voto continuará, num país de miseráveis como o nosso, objeto de mercadoria. O que realmente tenho medo é do voto ser facultativo e a classe média, que acha formar alguma opinião, deixar de votar como forma de protesto e a massa da população, alienada e enganada por políticos oportunistas, ir toda a urna. O resultado, convenhamos, será bem pior.
Voto não é imposição, não recebem punição ( ou alguém já ouviu falar em alguém que não votou e foi preso?) aqueles que não votarem, pois na maioria das vezes são anistiados. Voto é você escolher o que quer pelo seu país. Se o Brasil quere ser igual às nações desenvolvidas, onde o voto é facultativo, comecemos pelo investimento na educação. Eduquemos o povo e aí sim, cada um poderá ter a liberdade de escolher se quer ou não votar. Enquanto isso, que o voto continue obrigatório.

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