
Depois de assistir “Ensaio sobre a Cegueira”, do diretor Fernando Meirelles, passei a compreender melhor o que muitos críticos de cinema tentaram traduzir como alucinação em cena. Alucinação não no sentido de percepção real de algo inexistente, mas em seu perfeito oposto, o sentido não palpável de algo existente: a cegueira em massa no filme é retratada como uma desordem sem tamanho e aqueles que participam dela não a percebem em real grandeza pelo fato de não poderem enxergar. E só por esse aspecto, o filme já vale, não só a sua repercussão, mas também o seu mérito.
Para muitos críticos, europeus e norte-americanos principalmente, o filme representou apenas a união de cenas causadoras de uma angústia deprimente. Desmerecidamente, claro. Para nós, não só pelo fato de sermos brasileiros, mas principalmente por vivermos num país onde esta forma de arte é tão desvalorizada, este filme deve ser um marco na história da cinematografia do país. Muitas pessoas talvez não tenham percebido a sua importância, que vai muito além do fato de que é somente um bom filme para se assistir. Ele representa parte do que muitos cineastas no Brasil tentam ou anseiam fazer e que não o realizam por falta de recursos ou incentivo. Para europeus e norte-americanos – compatriotas de diretores como Orson Welles, Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Steven Spielberg, James Cameron, um passo como esses pode realmente não representar muito, mas para nós, só não enxerga isso quem não quer de fato.
Atualmente o cinema brasileiro vem crescendo muito e devemos desvincular a sua imagem de um cinema que só trata de desigualdades sociais e violência. Devemos acreditar que podemos ir além, que damos conta da realização de superproduções e de elencos de renome, não só nacionais, mas internacionais também. Que somos capazes de adaptar romances vencedores do prêmio Nobel de literatura ou obras que são recordes de venda nas livrarias para os telões.
O filme “Ensaio sobre a Cegueira” merece o reconhecimento e aplauso do público, principalmente brasileiro. Não só por uma questão de nacionalismo sem pressupostos, mas principalmente por se tratar de uma conquista que deve ser aclamada. Para nós, que ele seja um exemplo e uma inspiração em futuras realizações.
Um comentário:
è bom mesmo saber que grande parte do brilhantismo do filme se deve a capacidade de um diretor brasileiro! Vamo dar sequencia ao merito que o cinema brasileiro tem conquistado!
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