terça-feira, 23 de setembro de 2008

Adestramento escolar

Seguindo uma tendência antiga de contabilizar ações, a educação brasileira tem apostado em mudanças numéricas. Ao que parece, o plano ministerial do governo populista que está a frente do nosso país pouco se preocupa com o quesito qualidade de ensino, o negócio deles é mostrar os números. O presidente Lula parece satisfeito ao se exibir em rede nacional para dizer, aos quase duzentos milhões de brasileiros, que a educação no Brasil tem avançado ao passo que o número de habitantes analfabetos cai vertiginosamente. Vale ressaltar que os índices do IBGE não medem a educação brasileira no que diz respeito ao desenvolvimento do senso crítico dos novos formados pela escola. Aqui não trato escola como sendo aquela responsável pela alfabetização e conseqüente formação de ensino médio. Chamo de escola toda instituição de ensino, seja ela pública ou privada, de ensino fundamental, médio ou superior. Considero escola qualquer instituição que se auto denomine um local capaz de ensinar algo por vias pedagógicas.
A nossa educação tem se resumido à simples "copiação" de lições passadas que foram aplicadas durante os séculos. Nossos alunos são colocados diante de um quadro onde um ser, quase que divino, lhes ensina que as letras B e A quando colocadas nesta ordem devem ser lidas com o som de BA e que expostas com um outro conjunto de letras formará palavras como balde, bala e balão. Então, baseados nesse conselho doutrinário, os alunos se perdem nas linhas do caderno de caligrafia escrevendo o ba, be, bi, bo, bu do cotidiano escolar.
Engana-se aquele que pensa que essa "copiação" termina na alfabetização, pois os alunos seguirão copiando aquilo que lhes foi ensinado, ou melhor, doutrinado durante boa parte da sua vida acadêmica.
Quarenta anos atrás, Paulo Freire já nos alertava quanto ao perigo da educação de bases estritamente mecanicistas. Não podemos insistir em uma educação que simplesmente dá aos novos formados a capacidade de ler e escrever em um idioma. O que se faz necessário, principalmente em um tempo de excesso de informação, é o incentivo à construção de um pensamento crítico. Os professores brasileiros precisam entender que o seu papel como educadores vai além de ensinar a ler, escrever, somar ou subtrair, o foco principal deve ser o incentivo ao pensamento crítico de cidadãos que consigam compreender o ambiente em que vivem e o quanto é possível transformá-lo.

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