quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Maria vota com as outras
Em época de alvoroço eleitoral ressurge sempre a pergunta: existe político honesto? Para grande parte da população, que é obrigada a assistir diariamente a uma enxurrada de notícias que mostram os famosos colarinhos brancos cada vez mais atolados na lama do poder, a resposta parece ser negativa. São CPIs atrás de CPIs, o político que hoje é delator amanhã é o próximo acusado, o troca-troca da culpa é tão intenso que, confusa, a população se pergunta se existe alguma possibilidade de voto correto em alguém realmente honesto. Para o filósofo alemão Immanuel Kant a maior parte da humanidade está sujeita a uma "menoridade auto-imposta", ou seja, é muito melhor se sujeitar às ordens e idéias alheias do que buscar respostas baseadas em experiências próprias. A partir dessa idéia é possível compreender porque tantos ex-envolvidos em escândalos políticos conseguem se reeleger com expressivo número de votos. A massa prefere não pensar, opta por seguir os mandatos de alguém, acata e aceita ordens declaradas ou implícitas em concelhos "amigáveis". E vota naquele candidato que é amigo, tio, primo, conhecido de alguém ou simplesmente o "distante porém aparentemente gente boa".Olhando assim é possível dizer que a política está se tornando um campo quase que anti ético, uma vez que entende-se como ética a ação que pode ser universalizada. E não é possível que o senso crítico de uns e outros que não tem a preguiça corriqueira de pensar aprovem a universalização da pouca vergonha que se tornou a política contemporânea. Com a última confusão política de Brasília, os baderneiros do legislativo querem mostrar aos brasileiros que suas vidas foram invadidas por investigadores federais. Na verdade o que acontece lá no senado é um temor generalizado de que os grampos realizados pela ABIN possam flagrar aquelas conversinhas proibidas para eleitores sensatos. A divulgação dessas conversas, assim como de imagens que mostram deputados dançando pela absolvição de um amigo corrupto, ou fazendo gestos obscenos ao assistir a morte de quase duzentos brasileiros são a prova clara da ausência da ética nos nossos políticos.Talvez em Brasília eles já tenham desenvolvido algum tipo de moralidade política própria, vai ver o filtro moral de todos eles é trocado por um menos rígido a partir do momento em que assumem o cargo público com o qual foram premiados pela loteria dos votos impensados.Dia três de Outubro os brasileiros irão novamente as urnas influenciados por santinhos com propostas impossíveis, pela mídia que mostra o candidato amigo do povo, pelo colega de faculdade que vai votar no fulano e por mais um considerável número de conselheiros que sequer sabem porque escolheram o próprio candidato. O eleitor precisa perder a preguiça de pensar para conseguir driblar a ordem que diz não raciocine, vote.
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Um comentário:
Concordo em gênero número e grau com o que o THiago falou a política bralileira da uma vergonha, mas, isso também e culpa do povo qua nao vota certo e que muitas vezes nem se interessa em votar
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